A gestão de empreendimento é feita por meio do uso de diversas técnicas e métodos de organização e ação, e o DRE é um deles
A gestão de empreendimento é feita por meio do uso de diversas técnicas e métodos de organização e ação, e o DRE é um deles. O termo é extremamente familiar para quem trabalha com contabilidade, entretanto, pode soar inédito para muitos, até mesmo empreendedores.
Neste post, você entender o que é o DRE e quão importante ele é na gestão dos bens financeiros de um empreendimento.
O que é a DRE de uma empresa
A sigla DRE representa o termo “Demonstrativo do Resultado do Exercício”, ou seja, o DRE funciona como um relatório das atividades executadas pela empresa e o resultado financeiro delas, que pode tanto ser lucro ou prejuízo.
A declaração anual é obrigatória para todos empreendedores, com exceção do MEI. Ela é produzida junto ao Balanço Patrimonial e compreende as informações de um ano inteiro de trabalho, começando em janeiro e terminando em dezembro.
Para chegar ao DRE, é preciso que a empresa mantenha uma gestão financeira organizada para reunir as informações anuais. Como o relatório inclui uma série de informações específicos, ele costuma ser produzido pelo contador da empresa.
Para que serve
O DRE é essencial para que o empreendedor conheça os resultados de um ano de trabalho, além de ter uma visão geral sobre o rendimento de cada mês.
Por meio da análise do DRE, é possível identificar o que precisa ser mudado na prática do empreendimento e, assim, promover ações que tragam resultados melhores no ano seguinte.
O relatório permite a análise do valor que foi investido em melhorias, no quanto foi ganho com vendas e também os gastos realizados com as contas referentes ao funcionamento da empresa.
O documento é um dos mais importantes para analisar a saúde financeira do empreendimento e idealizar medidas de aprimoramento para as operações e gastos.
Objetivos de uma DRE eficiente
Além de apresentar o estado atual da saúde financeira do empreendimento, o DRE possui outros objetivos extremamente úteis ao empreendimento.
Por exemplo, um DRE pode revelar a viabilidade do empreendimento, especialmente se ele estiver na etapa inicial. Caso tenha sofrido muito prejuízos, é provável que nem seja possível seguir investindo na empresa.
Por outro lado, o DRE pode dar o pontapé inicial para novos planejamentos estratégicos que tragam melhorias ao empreendimento, com a intenção de gerar resultados mais efetivos.
Além disso, o relatório permite que o empreendedor identifique a origem de cada gasto e ganho da empresa durante o ano, o que também gera informações relevantes para planejamentos e melhorias.
Quais valores devem ser detalhados
Como mencionamos anteriormente, o DRE apresenta todos os valores que são necessários para identificar os resultados gerados pela empresa durante o ano.
Sendo assim, contas relacionadas a receitas, custos, despesas, lucros e impostos. Dentro de cada categoria, existem itens ainda mais específicos que devem ser detalhados na declaração.
Enquanto alguns pontos são fixos e obrigatórios, existem contas que são adaptáveis e só são adicionadas de acordo com a atividade e o porte do empreendimento.
Qual o período dos resultados analisados
O DRE é feito anualmente, sendo assim, analisa os resultados obtidos entre janeiro e dezembro do ano anterior.
Isso significa que são muitos os lançamentos que farão parte do relatório, por isso, é essencial que a empresa conte com uma gestão financeira extremamente organizada.
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Qual a estrutura de uma DRE
Como mencionamos anteriormente, diversas contas e valores são considerados na montagem do DRE.
Sendo assim, é preciso se organizar e categorizar os valores para garantir que tudo seja inserido de forma prática e ordenada.
Conheça as 3 categorias principais das contas inseridas no Demonstrativo do Resultado do Exercício.
– Operação
Corresponde às atividades e processos envolvidos na produção da mercadoria ou prestação de serviço que funciona como fonte de renda para a empresa.
Desde a compra de matérias-primas até o pagamento de manutenção para as máquinas e equipamentos, tudo que é relacionado para a produção e armazenamento são computados sob a categoria de operação.
– Venda
Todos os investimentos direcionados para o impulsionamento das vendas é documentado sob esta categoria.
Novas técnicas de marketing digital, pagamento de campanhas nas redes sociais e até mesmo a manutenção do departamento de vendas são contas consideradas do ramo de venda.
– Gestão
Já a gestão diz respeito às contas relacionado aos sócios e parceiros da empresa, mais focada nos gastos e ganhos provenientes dessa relação.
É praticamente como se fossem uma empresa separada, já que representam pagamentos e ganhos que vem de fora da empresa.
Princípio da competência
Para facilitar o lançamento de todas as contas do DRE, é aplicado o princípio da competência.
Basicamente, isso significa que os gastos e ganhos devem ser lançados no momento em que são acordados.
Por exemplo, a empresa realiza uma venda para um cliente em janeiro, mas o pagamento será recebido apenas em fevereiro.
Neste caso, é preciso lançar a venda como realizada no próprio mês de janeiro, mesmo que o pagamento ainda não tenha sido realizado.
Sendo assim, uma venda é oficializada pelo princípio assim que a empresa disponibiliza seu serviço ou produto. Enquanto a compra é marcada pela obtenção do serviço ou produto solicitado, independente da data de pagamento.
Como fazer uma DRE
A montagem de um DRE depende muito da área de atuação da empresa e também do porte dela, considerando que grandes empreendimentos costumam inserir mais gastos e ganhos do em que empresas menores.
Ainda assim, existem contas fundamentais para oficializar o documento. É interessante que o DRE seja formulado em uma planilha, caso a empresa não conte com um software especializado.
É essencial especificar o nome da conta e não apenas inserir os valores recebidos e gastos no relatório.
Conheça os principais itens que costumam estar presente em um DRE.
– Receita Bruta de Vendas
A conta diz respeito aos ganhos provenientes pela venda de produtos ou prestações de serviços oferecidos pela empresa.
Além disso, os juros e dividendos obtidos por essas transações também devem ser documentados nessa conta.
Considerando o princípio de competência, até mesmo as vendas que ainda não foram devidamente pagas, devem ser detalhadas de acordo com a data de realização.
– Deduções das Vendas
Nesta etapa, são descontados os impostos e taxas sobre as vendas realizadas ou serviços prestados.
A maioria dos tributos é calculado sobre o faturamento anual da empresa, sendo assim, cada um possui um valor diferente que deve ser previamente pesquisado pelo empreendedor.
Além disso, os produtos que são devolvidos pelo cliente por algum motivo também devem ser descontados nesse relatório.
– Receita Líquida de Vendas
A receita líquida de vendas é obtida por meio da subtração do valor da dedução de vendas em relação ao valor da receita bruta de vendas.
Sendo assim, representa os ganhos provenientes de vendas e serviços da empresa, mas com o desconto de taxas e abatimentos relacionados ao processo.
Este é o valor que representa o quanto a empresa realmente gerou durante o ano, já que elimina os descontos relacionados às vendas.
– Custo do Produto Vendido
Nesta etapa, é preciso informar quanto foi investido para a produção da mercadoria vendida ou serviço prestado.
Se a sua empresa compra o produto pronto e apenas o revende, é preciso informar o valor da compra. Por outro lado, se o seu empreendimento é o responsável pela produção, é preciso contabilizar a mão de obra, a matéria-prima e o estoque.
Quando falamos sobre prestação de serviços, também é preciso contabilizar o preço da mão de obra e também os recursos que são utilizados para cumprir a tarefa.
– Resultado Bruto
O resultado bruto é calculado por meio da subtração do valor do custo de mercadoria em relação à receita líquida de venda.
Sendo assim, a conta representa o quanto a empresa ganhou com vendas, mas já considerando o desconto de taxas e também do valor que foi investido na produção da mercadoria.
Desta forma, é possível compreender se os seus ganhos são capazes de cobrir o quanto é investido na produção da mercadoria. Um resultado negativo pode mostrar que é hora de repensar a sua produção ou valor de venda do produto.
– Despesas Operacionais, Despesas Administrativas e Outras Despesas
As despesas operacionais e administrativas são referentes a todos os processos que fazem a empresa funcionar, como o pagamento do salário dos funcionários, por exemplo.
As contas de consumo também fazem parte desta categoria, já que são essenciais para a manutenção do empreendimento.
– Outras Receitas
As outras receitas representam os ganhos da empresa que não possuem ligação com venda de produtos ou prestação de serviços.
Os bens em imóveis, lucros de aplicações financeiras e ações são modalidades de receitas que são classificadas nessa modalidade, já que não estão conectadas com a atividade principal do empreendimento.
– Despesas Financeiras
As despesas financeiras referem-se às taxas e juros pagas pela empresa, principalmente para instituições financeiras.
O juros proveniente do atraso no pagamento de fornecedores, por exemplo, também é uma conta que é classificada como despesa financeira.
Por outro lado, as tarifas bancárias, variações cambiais e também a taxa IOF são adicionados à conta.
– Receitas Financeiras
Ao contrário das despesas financeiras, as receitas representam os valores ganhos a partir de juros recebidos pelo atraso do pagamento de clientes e outras transações.
Descontos que são oferecidos pelos fornecedores na compra de matéria-prima, por exemplo, também são valores considerados como receitas financeiras.
Até mesmo o desconto oferecido por pagamentos antecipados ou em dia também entra na categoria e deve ser documentado no DRE.
– Resultado Antes do IR/CSLL
Após o cálculo de todos os descontos sobre a receita líquida de vendas, chegamos ao resultado antes do IR e CSLL.
O Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido representam o pagamento regular dos tributos aos órgãos públicos e devem ser descontados apenas no final da conta do DRE.
Para as empresas que são optantes pelo Simples Nacional esta etapa não é necessária, já que o pagamento dos tributos é feito mensalmente. Basta pular direto para o resultado líquido do exercício e analisar os valores finais.
– Resultado Líquido do Exercício
Após o desconto de todas as despesas, tributos e taxas, chega-se ao resultado líquido do exercício, ou seja, quanto lucro ou prejuízo a empresa gerou ao decorrer de um ano.
Caso a conta seja positiva, o valor é dividido entre os sócios e acionistas do empreendimento. Entretanto, se o resultado representa um prejuízo, é necessário que a empresa planeje como a conta será abatida das próximas receitas.
A análise completa e o resultado apresentam toda a atividade da empresa pelo ano e apontam como anda a saúde das finanças.
Modelo de DRE de vendas e serviços
Para entender como o DRE funciona na prática, vamos construir uma declaração de uma empresa fictícia e entender como é possível chegar ao resultado líquido do exercício da sua empresa.
Lembrando que não existe um modelo fixo para a montagem do DRE, já que ele depende da atividade e porte da empresa, além do regime tributário também.
- Receita Bruta de Vendas: R$50.000
- Deduções das Vendas: R$10.000
- Receita Líquida de Vendas: R$40.000
- Custo do Produto Vendido: R$5.000
- Resultado Bruto: R$35.000
- Despesas Operacionais, Despesas Administrativas e Outras Despesas R$3.000
- Despesas Financeiras R$1.500
- Receitas Financeiras R$1.000
- Resultado Antes do IR/CSLL R$25.500
- IR e CSLL: R$5.000
- Resultado Líquido do Exercício: R$20.000
Por meio deste exemplo, é possível perceber que a empresa teve bons resultados, com um valor final de R$20.000 de lucro, considerando todos os gastos anuais do empreendimento.
Dentro do próprio relatório são feitos alguns cálculos para simplificar a análise, como a receita líquida de vendas, o resultado bruto, o resultado antes do IR e CSLL e, por fim, o resultado líquido do exercício.
Para a formulação deste relatório, é interessante contar com o auxílio de uma ferramenta de gestão financeira. Desta forma, o processo se torna automatizado e muito mais preciso.
Interpretando a DRE
Para que o DRE não funciona apenas como um grande cálculo, é preciso realizar uma análise sobre os dados reunidos nele.
É essencial fazer este estudo para compreender quais gastos e ganhos da empresa podem ser melhorados por meio de novas ações e estratégias.
Existem diferentes técnicas para realizar essa pesquisa. Conheça 4 delas e descubra o que cada uma pode revelar sobre o seu empreendimento.
– Análise Vertical
A análise vertical foca no valor total, na porcentagem que é descontada ou ganha e no resultado final.
Com essa análise, você conhece melhor os valores que estão sendo descontados dos seus ganhos. Desta forma, você pode criar estratégias para reduzir esta porcentagem e reduzir as despesas.
– Análise Horizontal
Diferente da análise vertical, a horizontal é mais utilizada para comparar os valores de meses anteriores.
É uma forma de analisar quais foram os períodos que geraram mais gastos ou ganhos. Com essa informação, é possível criar estratégias que preparem a empresa para os picos sazonais e também impulsionem as vendas nos meses mais fracos.
É interessante colocar um mês em comparação a outro para entender melhor como o ambiente externo pode afetar a atividade do seu empreendimento, especialmente para buscar soluções e ações inteligentes.
– Margem bruta
Ao invés de apresentar um valor, a margem bruta apresenta a porcentagem de lucro obtida no ano, sem considerar o desconto de taxas e tributos. O cálculo é feito da seguinte forma:
Margem bruta = resultado bruto / receita bruta de vendas x 100
O resultado pode ser utilizado para comparar com outros concorrentes e descobrir qual dos empreendimentos possui um crescimento mais eficiente.
– Margem líquida
A margem líquida é muito similar à bruta, mas trabalha com valores que já consideraram o desconto das taxas e tributos. Entenda o cálculo abaixo:
Margem líquida = resultado líquido do exercício / receita bruta de vendas x 100
Com o resultado também é possível determinar o quanto o empreendimento cresceu, principalmente em relação aos concorrentes e anos anteriores.
Conclusão
O DRE, também conhecido como Demonstrativo do Resultado do Exercício, é um documento essencial para determinar a saúde financeira de um empreendimento.
Além de apresentar se os resultados anuais da empresa foram positivos ou negativos, o documento também oferece informação sobre o desempenho da empresa ao longo de 12 meses.
Com essa informação, é possível desenvolver planejamentos estratégicos que possam melhorar ainda mais os resultados do empreendimento.
(Fonte: Jornal Contábil)