Copom reduz Selic de 2,25% para 2% ao ano, no menor patamar da história

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a Taxa Básica de Juros (Selic) para 2% ao ano, o menor percentual da série histórica. A autoridade monetária levou em consideração a retração econômica global causada pela pandemia da Covid-19, a maior “desde a Grande Depressão”, e apesar de alguns sinais de retomada da atividade, “o ambiente para as economias emergentes segue desafiador”.

“ Os setores mais diretamente afetados pelo distanciamento social permanecem deprimidos, apesar da recomposição da renda gerada pelos programas de governo. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o período a partir do final deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais”, destaca a nota do Copom.
O Comitê também avalia que a inflação permanece abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta. “As expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 1,6%, 3,0% e 3,5%, respectivamente”, destaca. E ressalta que, por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado. “Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional”.
Por outro lado, políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco. Além disso, os diversos programas de estímulo creditício e de recomposição de renda, implementados no combate à pandemia, podem fazer com que a redução da demanda agregada seja menor do que a estimada, adicionando uma assimetria ao balanço de riscos.
Esse conjunto de fatores implica, potencialmente, segundo o BC, uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária. “O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”.
Fonte: Correio Braziliense
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