Companhias vão incorporar home office parcial ou integral após crise

Mais de 70% das empresas de todos os setores da economia brasileira esperam que as novas práticas de home office adotadas durante a pandemia permaneçam, integral ou parcialmente, após a crise da covid-19 passar. Na indústria, essa percepção alcança quase 80% das companhias e em serviços de 89%. O comércio é o setor que menos espera a permanência das mudanças.

Os dados estão em uma pesquisa realizada pela consultoria Talenses em parceria com a Fundação Dom Cabral, com 375 companhias do país, e obtida pelo Valor. Em média, 70,3% dos funcionários de todos os setores estão trabalhando em casa, sendo que na indústria, a porcentagem triplicou em março. Antes do coronavírus exigir o isolamento social no Brasil, 15,2% dos funcionários desse setor faziam home office – atualmente, são mais de 50%.

 

No setor de serviços, o salto foi de 25,6% para 76,3%, enquanto no terceiro setor, de quase 40% para mais de 85%. Com portas abertas apenas para serviços essenciais, em grande parte do país, o comércio detém o menor percentual de trabalhadores em home office: 22,9%.

 

“Nós estamos passando por um processo de transformação de maneira forçada, mas a pesquisa indica que parte da experiência e adaptação vivida agora vai se converter em novas rotinas que serão adotadas posteriormente pelas empresas”, afirma Luiz Valente, CEO do Talenses Group.

 

A amostra da pesquisa abrange 375 empresas, sendo 30 do comércio, 77 da indústria, 197 de serviços, 6 do terceiro setor e 65 de outros setores. Em média, 28% delas relataram enfrentar dificuldades para implementar o home office. A falta de infraestrutura para todos os funcionários (notebook e telefonia, por exemplo) pesou mais para o Terceiro Setor.

 

Já o setor de serviços sofreu mais do que os outros com processos que não podem ser realizados de forma remota. A ausência de uma política sobre o modelo de trabalho em home office foi um desafio apontado particularmente pelo comércio, que também destacou, assim como a indústria, a demora na tomada de decisão por parte da liderança. Mas a maior dificuldade apontada, com média muito acima que todos esses aspectos, foi lidar com questões culturais relacionadas a gestão remota. “O contexto obrigou a todas se organizarem de uma forma, agora a capacidade de fazer isso, e se estão ou irão fazer isso bem, depende da cultura organizacional. Quem já tinha uma mais organizada, conseguiu reagir mais rápido”, diz Paul Ferreira, diretor do centro de liderança da Fundação Dom Cabral.

 

A nova organização exigiu, por exemplo, a adaptação de processos seletivos, transferidos para o formato on-line, e o ingresso de novos funcionários (onboarding) remoto. “As empresas começaram a se abrir para processos que não tinham o hábito, costume ou experiência de realizar de forma virtual”, diz Valente, da Talenses. Mais de 35% das companhias entrevistadas indicam que estão realizando processos 100% remotos, enquanto 34,7% afirmaram que suspenderam as contratações. Em comércio e serviços, o congelamento de vagas afetou mais da metade das organizações.

 

Com relação ao onboarding, 57,6% das empresas apresentaram dificuldade em inserir o novo colaborador na rotina da empresa e fazer com que ele se sentisse integrado. A aplicação dos primeiros treinamentos obrigatórios é um dos desafios mais citados por todos os setores. Em média, 26,4% dos treinamentos foram interrompidos, enquanto 42,9% continuam sendo feitos on-line de forma integral ou parcial. A despeito da crença das entrevistadas de que essas mudanças e adaptações influenciarão a rotina no mundo corporativo pós covid-19, a lição que a liderança deve se atentar, segundo Paul Ferreira, é a forma como serão implementadas e virarão, de fato, uma política. “Acho válido muitas dessas práticas permanecerem, principalmente se estão dando certo. Mas há questões fundamentais que o RH e a liderança precisarão analisar, envolvendo, por exemplo, produtividade, engajamento e motivação na gestão remota em um contexto sem crise”, avalia.

Fonte: Valor

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