O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira (04/11) que o Brasil terá uma moeda digital. O projeto já está em estudo no Banco Central (BC), que vê a moeda digital como uma consequência do processo de digitalização do mercado financeiro que está ganhando força com o Pix.
“O Brasil terá a moeda digital. O Brasil está à frente de muitos países”, declarou Guedes, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, para celebrar a abertura de 100 milhões de poupanças sociais digitais pela Caixa Econômica Federal.
Guedes não deu detalhes do projeto, mas lembrou que o mercado financeiro brasileiro já vem avançando na digitalização por meio do Pix, do open banking, das fintechs e também por meio do pagamento digital do auxílio emergencial. Ele destacou ainda que o Brasil tem o quarto maior mercado digital do mundo, fato que, inclusive, já foi usado pelo ministro na defesa de um imposto sobre transações digitais.
A ideia de uma moeda digital, por sua vez, já está na mira do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, há algum tempo. Para ele, a moeda digital representa o futuro do sistema financeiro. Por isso, além de ter mantido a agenda de inovação, que prevê o lançamento do Pix e do open banking neste ano, o BC também deu início a estudos sobre a emissão de uma moeda digital em meio à pandemia de covid-19.
O grupo de trabalho que avalia a possibilidade de emitir moedas digitais no Brasil foi criado pelo Banco Central em agosto, com um prazo de 180 dias, prorrogáveis por mais 180 dias, para concluir esses estudos e elaborar um relatório final sobre o assunto. Por isso, Roberto Campos Neto já indicou que pode haver espaço para a criação de uma moeda digital no Brasil em 2022.
Ao longo dessa discussão, o BC tem lembrado que a moeda digital está sendo avaliada por vários países ao redor do mundo e representa apenas uma nova forma de representação da moeda que já é emitida no país. Ou seja, seria uma espécie de “real digital” e não uma nova criptomoeda.
Autonomia do BC
Ao discursar no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, o ministro Paulo Guedes também agradeceu ao Congresso o empenho na votação do projeto de lei que confere autonomia ao Banco Central. O projeto foi aprovado nessa terça-feira (03/11) pelo Senado e, segundo os parlamentares, deve ser votado na Câmara após as eleições municipais.
Para Guedes, o projeto representa “um salto enorme em termos de avanço institucional” para o Brasil, pois blinda o BC de pressões políticas e assegura o compromisso da autoridade monetária com a estabilidade de preços e a preservação do poder de compra da moeda brasileira.
O ministro aproveitou a oportunidade, contudo, para voltar a criticar a indexação de salários e benefícios previdenciários, que garante a correção anual desses rendimentos. “A indexação é uma fuga, um disfarce para a falta de coragem de enfrentar a inflação”, disparou Guedes, logo depois de dizer que a autonomia do BC vai garantir o controle da inflação e o poder de compra dos salários e das aposentadorias dos brasileiros.
Para Guedes, o fim da desindexação seria uma forma de cortar os gastos públicos e abrir espaço no Orçamento para programas como o Renda Brasil. As propostas de desindexação já apresentadas pela equipe econômica, contudo, foram vetadas pelo presidente Jair Bolsonaro pois afetavam os benefícios previdenciários e sociais.
Fonte: Correio Brasiliense