Na pandemia, a preocupação com a sobrevivência da empresa e o aumento do volume de trabalho na busca por soluções têm levado os empresários à exaustão. Mesmo em condições normais, o empreendedor já está muito suscetível ao esgotamento, porque se sente totalmente responsável pelo sucesso do negócio, afirma Maria da Conceição Uvaldo, pesquisadora do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo). “Agora, o nível de angústia aumentou. É a ansiedade de não saber o futuro e ficar pensando 24 horas por dia em como resolver tudo, e isso causa um desgaste emocional enorme”, diz a psicóloga.
O empresário João Mendes de Oliveira, 27, chegou a trabalhar 18 horas por dia para buscar novos caminhos para a sua recém-aberta startup, fundada em parceria com o chef Raphael Despirite, 35. A Suflex, que oferece soluções de gestão a bares e restaurantes, funcionou por apenas uma semana, até que fosse decretada a quarentena no estado de São Paulo, em 23 de março.
Foram realizadas cinco vendas, e outras estavam em processo de negociação. Ficou tudo em suspenso. “A primeira sensação foi de frustração, de não saber se o projeto iria conseguir passar por este momento. A segunda foi uma ansiedade de não querer ficar parado”, afirma. Neste período, a empresa organizou uma iniciativa de venda de vouchers de restaurantes e lançou uma plataforma para conectar empresários do setor a fintechs. João pensava em criar outros três projetos. “Ao conversar com investidores e com a minha terapeuta, vi que estava preenchendo uma vontade minha de fazer alguma coisa em vez de focar no que traria benefícios à empresa.” Além das preocupações relacionadas ao negócio, empresárias relatam uma sobrecarga de tarefas domésticas, intensificadas pelo confinamento.
Isso eleva ainda mais o nível de estresse, diz Ana Fontes, idealizadora da Rede Mulher Empreendedora, plataforma que reúne 750 mil mulheres. “O que eu mais tenho ouvido delas é que não estão conseguindo lidar com a situação como um todo. Ao mesmo tempo em que estão pensando em como a empresa vai sobreviver, têm toda a sobrecarga braçal e emocional”, afirma.
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Fonte: Folha de São Paulo